Os diversos povos
que habitavam o continente africano, muito antes da colonização
feita pelo europeus, eram bambambãs em várias áreas: eles
dominavam técnicas de agricultura, mineração, ourivesaria e
metalurgia; usavam sistemas matemáticos elaboradíssimos para não
bagunçar a contabilidade do comércio de mercadorias; e tinham
conhecimentos de astronomia e de medicina que serviram de base para a
ciência moderna. A biblioteca de Tumbuctu, em Mali, reunia mais de
20 mil livros, que ainda hoje deixariam encabulados muitos
pesquisadores de beca que se dedicam aos estudos da cultura negra.
Infelizmente, a
imagem que se tem da África e de seus descendentes não é
relacionada com a produção intelectual nem com tecnologia. Ela
descamba para moleques famintos e famílias miseráveis, povos
doentes e em guerra ou paisagens de safáris e mulheres de cangas
coloridas. “Essas ideias distorcidas desqualificam a cultura negra
e acentuam o preconceito, do qual 45% de nossa população é
vítima”, afirma Glória Moura, coordenadora do Núcleo de Estudos
Afro-Brasileiros da Universidade de Brasília (UnB).
(Trecho extraído da
página 42 da Revista Nova Escola de novembro de 2005)